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Estava eu a ver televisão muito descansada, muito ausente do mundo, quando, sem aviso prévio, oiço um excerto fugaz da música [a mesma que me proibira de ouvir, de pensar, de cantar ou de sonhar, por ser daquelas em que choro frequentemente]. Fechei os olhos e voltei a sentir o que já estava bastante apagado em mim. Mais tarde, quando voltei para o quarto fiz questão de ouvir um outro cd que, propositadamente, desperta em mim sentimentos opostos aos anteriores. Enquanto jogava computador, apesar da fúria das guitarras eléctricas que saia da aparelhagem não me consegia abstrair da música. Tentei resistir. Por momentos estive muito perto de não o fazer. Mas, num pico de um misto de saudade e masoquismo, fui procurar o cd [aquele que só mais tarde percebi que, inconscientemente, também era proibido]. Procurei a música de entre as muitas do cd. Ainda tentei que não me afectassem, mas rapidamente acabei por me deixar absorver, a principio pelos iniciozinhos das músicas que me faziam perceber que ainda não tinha encontrado a que procurava, e por fim pelo próprio cd, que me fez carregar no "repeat" enquanto me deixava viajar, deitada em cima da cama...A música que procurava, não sei se por acaso, se por ironia do destino nunca cheguei a encontrar. Nem em cds nem nos ficheiros do computador. Talvez tenha sido só imaginação minha, talvez tenha sido eu a cria-la. Agora que penso, sempre se enquadrara demasiado bem na minha vida...